20 de janeiro de 2009

fã?



Todo fã é um idiota
Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil

Sim, é isso mesmo o que você acabou de ler aí no título deste artigo.
Antes de tudo, é preciso deixar claro: fã é todo aquele ser que chora por seu ídolo, que coleciona pastas e pastas com fotos de seu objeto de desejo, que tem seu quarto forrado de pôsteres do alvo de seu fanatismo (palavra que, não à toa, originou o termo "fan" ou "fã", dando uma 'abrasileirada'), que chora na porta de camarim, que passa dias e dias na fila, esperando o momento de entrar no local onde acontecerá o show de seu "amor não correspondido". Ou seja, é o retrato nu e cru, despido de qualquer racionalidade, de um idiota.
Se você é daquelas pessoas que adora o seu ídolo de uma maneira eqüilibrada, que aprecia o seu trabalho quando o cara manda bem, mas reconhece as pisadas na bola e os vacilos, então você não é um fã, mas sim um admirador. Você simplesmente gosta da banda ou de quem quer que seja. Você não o ama, não chora por ele, não grita, não se desespera quando um pedido de autógrafo é recusado, não pensa em cortar os pulsos quando recebe a notícia que seu "amor" vai se casar com uma outra pessoa que não é você. Você não é um fã. Você não é um imbecil.
E a verdade precisa ser dita, mesmo que ela seja muito dolorida para quem está lendo este artigo neste exato momento: o artista também acha que o seu fã é um idiota.
Ele sabe que esse amor desmedido é uma bobagem, um transtorno hormonal muito comum em adolescentes - embora sejam freqüentes os casos de pessoas mais velhas se portanto como bobalhões (em caso de dúvida, vá até a porta de um hotel de luxo que esteja hospedando um artista internacional e veja com seus próprios olhos).
O artista quer que você compre o disco dele e vá aos shows, que demonstre explicitamente a sua devoção comprando a camiseta da turnê, a edição especial do CD que está sendo "trabalhado" na turnê, o chaveirinho, o imã de geladeira. Todo artista no fundo, pensa "me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim". Lamento, mas esta é a pura verdade.
O pior é que a maioria dos artistas lança discos com canções pensadas em agradar a essa massa bovina de seguidores, que salivam por qualquer coisa que seu ídolo faça. Mas há exceções.
Existem bandas, cantores e instrumentistas que, genuinamente, se engajam na tarefa de soltar discos que realmente trazem um panorama fiel do que pensam em termos de música. Os exemplos são muitos: no setor internacional, Frank Zappa, Miles Davis, Jimi Hendrix, Robert Fripp e Radiohead, entre muitos outros; aqui no Brasil, Caetano Veloso e Marisa Monte representam bem a autonomia artística que muita gente persegue, mas poucos conseguem alcançar. Você pode não gostar das canções que eles criam, mas tem que reconhecer a independência musical de cada um deles.
Surpreendentemente, o exemplo mais recente desse tipo de busca por uma personalidade musical distanciada da idolatria babaca veio de onde menos se esperava.
Confesso que sempre achei o Fall Out Boy uma banda simplesmente execrável. Suas músicas são fraquíssimas, os arranjos são absolutamente previsíveis e seus integrantes não têm o menor carisma - a condição de "sex simbol" do baixista Pete Wentz é algo que só pode ser explicado como uma epidemia coletiva de estupidez e cegueira entre adolescentes. Por isso, qual foi a minha surpresa ao ouvir o mais recente disco do quarteto, Folie à Deux.
Não, a banda não gravou um novo Pet Sounds, mas é nítido que os caras tinham em mente deixar para trás o rastro da baba elástica e bovina adolescente (obrigado, Nelson Rodrigues!) que sempre inundou seus discos anteriores. A maioria das canções traz arranjos enxutos e certeiros, com boas idéias melódicas e harmônicas tanto nos vocais quanto na instrumentação - como em "Headfirst Slkide Into Cooperstown on a Bad Bet", "20 Dollar Nose Bleed" e "Coffee's for Closers".
Claro que os caras ainda mandam porcarias - "She's My Wynona" e "27" são de matar de tão ruins em sua descartabilidade sônica -, mas há vários momentos que chegam a ostentar uma certa suntuosidade, misturada a riffs de guitarra bastante pesados e até mesmo a algumas minúsculas pitadas de rhythm n' blues e soul. Os caras chegaram até a tomar alguns acordes emprestados de "Baba O'Reilly", The Who, para fazer "Disloyal Order of Water Buffaloes" - vamos combinar que isso é um avanço para quem sempre usou o Less Than Jake como referência neste quesito -, enquanto que o vocalista Patrick Stump não esconde seu fascínio por Elvis Costello, seja na hora de cantar, seja na hora de convidá-lo para dividirem o microfone na linda "What a Catch, Donnie".
Quem realmente gostar de música, vai descobrir que, aos poucos, grupos como My Chemical Romance, Panic at the Disco e o próprio Fall Out Boy começam a levantar vôo para longe da gritaria histérica e da choradeira patética de seus fãs. Torço para estes grupos consigam o seu objetivo e que seus seguidores acompanhem tal desenvolvimento. Poucas coisas são piores que adultos trabalhando, pensando e agindo como crianças de quinze anos de idade.

Bom, vi comentários desse artigo em um tópico de uma comunidade, achei interessante, e analisando os vários comentários dos membros, alguns concordaram, outros acharam absurdo. Tudo bem, no artigo Regis generaliza algumas coisas, como : " Todo artista no fundo, pensa "me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim". Lamento, mas esta é a pura verdade." Mas concordo com a maioria das suas colocações, sem esquecer que ele foge um pouco do assunto no final, mas enfim, a coluna é dele não é mesmo?, algumas pessoas passam dos limites, artistas são sim alvos do público, o que torna a maior parte da sua vida pública, mas agredir, falar mal da nova namorada do ídolo, por exemplo, tirar a pouca privacidade que resta a ele é um pouco exagerado.
Alguns artistas não estão nem aí pra seu público, mas acima de tudo eles tem que sempre manterem claro para eles mesmo que se não fosse as fãs, as vezes enlouquecidas, nada seriam, pois quem ouvira falar deles? quem pediria as músicas nas rádios? quem baixarias as músicas na internet? votaria quando participassem de prêmios? comprariam cds, camisetas, e tudo mais ?
Por isso, sempre que gosto de uma banda, falo bem sim, tento mostrar que aquilo que ouço é o melhor, e que tem boa qualidade, admiro o trabalho, fico feliz por prêmios, mas sei sim 'dar o braço a torcer' quando necessário, como quando percebo que fizeram algo de errado ou mesmo quando o novo cd não é tão bom assim como o último. Apreciar e cultivar o sentimento que se tem por esse tipo de coisas é essencial, mas sempre cuidar para que esse sentimento seja saudável!

Um comentário:

Olá disse...

gostei da foto, ficou legal o efeito.
Não li o post inteiro, deu preguiça =S.

beijo